Você já se pegou pensando em como investir na bolsa de valores, mas se sentiu perdido entre tantos termos técnicos e conceitos complexos? Ou talvez você tenha ouvido histórias de pessoas que transformaram suas vidas financeiras através do mercado de ações e agora se pergunta: “Será que isso também é possível para mim?”
Se você se identificou com alguma dessas perguntas, chegou ao lugar certo. Neste guia completo, vou descomplicar o mercado de ações e mostrar como você pode dar os primeiros passos nesse universo de oportunidades, mesmo sendo um iniciante total.
Entenda como funciona o mercado de ações e a bolsa de valores
O que é o mercado de ações?
O mercado de ações é um ambiente onde investidores compram e vendem participações em empresas (as famosas ações). Imagine que cada ação é como um pedacinho de uma empresa que você pode adquirir. Quando você compra ações, está literalmente se tornando sócio daquela empresa!
Esse mercado funciona como uma ponte entre empresas que precisam de capital para crescer e pessoas que buscam oportunidades para investir seu dinheiro e multiplicá-lo ao longo do tempo.
Como é feita a negociação
As negociações no mercado de ações acontecem majoritariamente de forma eletrônica através de plataformas online. Antigamente, os pregões eram presenciais, com operadores gritando ordens de compra e venda (você provavelmente já viu essa cena em filmes). Hoje, tudo acontece através de computadores que conectam compradores e vendedores de todo o mundo.
Para cada ordem de compra executada, é necessário que exista uma ordem de venda correspondente. O preço das ações se movimenta justamente pelo equilíbrio (ou desequilíbrio) entre essas forças de oferta e demanda.
Regulação
No Brasil, o mercado de ações é regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), uma autarquia federal que fiscaliza e disciplina o mercado. Ela existe para proteger os investidores e garantir a transparência das informações.
A CVM estabelece regras rígidas para que as empresas listadas em bolsa divulguem suas informações financeiras periodicamente, garantindo que todos os participantes do mercado tenham acesso às mesmas informações.
Intermediação
Para investir em ações, você precisa de um intermediário autorizado, geralmente uma corretora de valores. Essas instituições são reguladas e fiscalizadas, oferecendo a infraestrutura necessária para você enviar suas ordens de compra e venda.
As corretoras conectam os investidores ao ambiente de negociação da bolsa de valores. Atualmente, a maioria delas oferece plataformas online intuitivas e aplicativos móveis, permitindo que você invista diretamente pelo seu celular ou computador.
Empresas negociadas
Na B3 (a bolsa de valores brasileira), você encontra mais de 400 empresas com capital aberto, de diversos setores da economia: bancos, varejistas, indústrias, empresas de tecnologia, companhias de energia e muito mais.
Cada uma dessas empresas passou por um rigoroso processo de abertura de capital, demonstrando solidez financeira e compromisso com boas práticas de governança corporativa.
Tipos de investidores
O mercado de ações é acessível a diferentes perfis de investidores:
- Pessoa física: qualquer cidadão comum que decide investir seu próprio dinheiro.
- Investidores institucionais: fundos de pensão, seguradoras e outros grandes investidores.
- Investidores estrangeiros: capital internacional que busca oportunidades no mercado brasileiro.
- Traders de alta frequência: utilizam algoritmos para realizar operações em frações de segundo.
- Formadores de mercado: garantem liquidez para determinados ativos.
Cada um desses players tem estratégias e objetivos diferentes, o que contribui para a dinâmica e liquidez do mercado.
O que leva uma empresa a abrir capital na Bolsa?
Acesso a capital
O principal motivo para uma empresa abrir seu capital é a possibilidade de captar recursos para financiar sua expansão sem precisar recorrer a empréstimos bancários. Ao vender ações, a empresa recebe dinheiro dos investidores sem a obrigação de devolvê-lo (diferente de um empréstimo).
Esse capital pode ser usado para construir novas fábricas, desenvolver produtos, entrar em novos mercados ou até mesmo adquirir concorrentes.
Liquidez patrimonial
Abrir capital também permite que os fundadores e primeiros investidores transformem parte de suas participações em dinheiro. Imagine que você construiu uma empresa ao longo de 20 anos — abrir capital é uma forma de “colher os frutos” do seu trabalho sem precisar vender a empresa inteira.
Visibilidade
Empresas listadas em bolsa ganham visibilidade no mercado. Elas aparecem constantemente na mídia, têm seus resultados comentados por analistas e passam a ser vistas como organizações sólidas e transparentes.
Essa visibilidade pode abrir portas para novos clientes, parcerias estratégicas e até mesmo facilitar negociações com fornecedores.
Formas de negociação
Mercado primário e Mercado secundário
No mercado primário, acontece a primeira venda de ações de uma empresa. É quando ela efetivamente capta recursos através da emissão de novos papéis. Já no mercado secundário, ocorrem as negociações posteriores entre investidores — a empresa não recebe mais dinheiro nessas transações.
Uma analogia: o mercado primário é como comprar um carro zero quilômetro direto da fábrica, enquanto o mercado secundário é como comprar um carro usado de outro proprietário.
Mercado de balcão
Além da bolsa de valores, existe o mercado de balcão, onde são negociados títulos não listados na bolsa. Esse ambiente costuma ter menos liquidez e menor regulação, sendo mais voltado para investidores profissionais e institucionais.
Ativos negociados na bolsa
Compra direta de ações
A forma mais comum de investir é através da compra direta de ações. Você escolhe as empresas que deseja ser sócio, analisa seus fundamentos e perspectivas, e então adquire suas ações.
Opções de ações
Opções são contratos que dão ao titular o direito (mas não a obrigação) de comprar ou vender determinada ação a um preço pré-estabelecido até uma data específica. São instrumentos mais complexos, geralmente utilizados para estratégias de proteção ou alavancagem.
Fundos de investimento
Os fundos de ações são geridos por profissionais que tomam as decisões de investimento em nome de todos os cotistas. É uma alternativa para quem não tem tempo ou conhecimento para escolher ações individualmente.
Fundos de índices (ETF)
ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos negociados em bolsa que buscam replicar o desempenho de um índice, como o Ibovespa. Ao investir em um ETF, você está comprando uma cesta de ações em uma única operação.
Formação de preço
O preço das ações é formado pelo encontro entre ordens de compra e venda. Quando há mais interessados em comprar do que em vender, o preço tende a subir. Quando há mais vendedores que compradores, o preço cai.
Diversos fatores influenciam essas decisões: resultados financeiros da empresa, perspectivas para o setor, cenário econômico, notícias relevantes e até mesmo o humor do mercado.
Níveis de governança e tipos de ações
Ações ordinárias
Ações ordinárias (ON) garantem direito a voto nas assembleias da empresa. Seus detentores podem participar das decisões estratégicas, como eleição do conselho de administração.
Ações preferenciais
Ações preferenciais (PN) geralmente não dão direito a voto, mas oferecem preferência no recebimento de dividendos e no reembolso de capital em caso de dissolução da empresa.
Units
Units são ativos compostos por mais de uma classe de valores mobiliários, como um pacote de ações ordinárias e preferenciais. Elas permitem que o investidor tenha exposição a diferentes tipos de papéis de uma mesma empresa em um único ativo.
Blue chips
Blue chips são ações de empresas grandes, consolidadas e com histórico de bons resultados. Exemplos no Brasil incluem Itaú, Petrobras e Ambev. Geralmente oferecem mais segurança e liquidez, mas potencialmente menor crescimento.
Small caps
Small caps são empresas de menor valor de mercado, muitas vezes em fase de crescimento. Podem oferecer maior potencial de valorização, mas também carregam mais riscos e volatilidade.
Tipos de ofertas
Ofertas primárias
Nas ofertas primárias, a empresa emite novas ações e o dinheiro vai para seu caixa. É como se a empresa criasse “novos pedaços” de si para vender ao mercado.
Ofertas secundárias
Nas ofertas secundárias, os acionistas existentes vendem suas participações. O dinheiro vai para esses acionistas, não para a empresa.
IPO (Initial Public Offering)
O IPO é a primeira oferta pública de ações de uma empresa, marcando sua estreia no mercado de capitais. É um momento importante tanto para a companhia quanto para o mercado, pois representa a transformação de uma empresa privada em pública.
Follow-on
Follow-on é uma oferta subsequente de ações realizada por uma empresa que já tem capital aberto. Pode ser primária (novos recursos para a empresa) ou secundária (venda de ações por acionistas existentes).
Entenda os códigos dos ativos
Na bolsa brasileira, cada ação tem um código de negociação único, composto por 4 letras que identificam a empresa, seguidas por um número que indica o tipo de ação:
- 3: ações ordinárias (ON)
- 4: ações preferenciais (PN)
- 11: units
- 6: ações preferenciais classe A
- 5, 7, 8: outros tipos de ações preferenciais
Por exemplo, PETR4 representa ações preferenciais da Petrobras, enquanto ITUB3 indica ações ordinárias do Itaú Unibanco.
Horários de negociação da bolsa
A B3 funciona de segunda a sexta-feira (exceto feriados), com pregão regular das 10h às 17h. Existe também o after-market, das 17h30 às 18h, com limites mais restritos de negociação.
Circuit Breaker
O circuit breaker é um mecanismo de segurança que interrompe temporariamente as negociações quando há quedas muito bruscas no Ibovespa. Ele serve para dar tempo aos investidores de reavaliarem suas decisões em momentos de pânico.
O acionamento ocorre em diferentes níveis, dependendo da intensidade da queda:
- Nível 1: interrupção de 30 minutos quando o Ibovespa cai 10%
- Nível 2: interrupção de 1 hora quando a queda atinge 15%
- Nível 3: encerramento do pregão quando a queda chega a 20%
Proventos
Dividendos
Dividendos são a distribuição de parte dos lucros da empresa aos seus acionistas. No Brasil, as companhias são obrigadas por lei a distribuir pelo menos 25% do lucro líquido ajustado, embora muitas optem por percentuais maiores.
Juros Sobre Capital Próprio (JCP)
JCP é outra forma de remuneração aos acionistas, com vantagens tributárias para a empresa. Diferente dos dividendos, o JCP sofre retenção de 15% de Imposto de Renda na fonte.
Bonificação
Bonificação é a distribuição gratuita de novas ações aos acionistas, proporcionalmente à quantidade que já possuem. Ocorre geralmente quando a empresa capitaliza reservas, transformando parte do patrimônio líquido em capital social.
Bônus de subscrição
Bônus de subscrição dá ao detentor o direito (mas não a obrigação) de adquirir novas ações da empresa em condições predeterminadas, geralmente com algum tipo de desconto.
Começando sua jornada no mercado de ações
Agora que você conhece os principais conceitos do mercado de ações, provavelmente está se perguntando: “Por onde começo?”
O primeiro passo é definir seus objetivos financeiros e seu perfil de investidor. Você busca renda passiva através de dividendos? Ou prefere empresas com potencial de valorização no longo prazo?
Em seguida, é fundamental investir em conhecimento antes de investir dinheiro. Estude sobre análise fundamentalista, que avalia a saúde financeira das empresas, e análise técnica, que estuda padrões de comportamento dos preços.
Começar com valores menores também é uma estratégia inteligente. Muitas corretoras permitem que você compre frações de ações com poucos reais, possibilitando que você ganhe experiência sem arriscar grandes quantias.
Não deixe o medo de começar impedir você de construir um futuro financeiro sólido. O mercado de ações está aberto para todos, e quanto antes você começar, mais tempo terá para colher os frutos dos seus investimentos.
E você, já investe na bolsa ou está planejando começar? Compartilhe sua experiência nos comentários!
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